A Importância do Familiar na PsicoterapiaNão raras vezes é o familiar mais próximo quem chega extremamente ansioso para marcar uma entrevista para o cônjuge, o filho ou um dos pais. Nesse momento se propõe a deixar o serviço mais cedo, a aceitar as condições de atendimento, proposto para que a psicoterapia possa surtir o efeito desejado, e se coloca `a disposição para ajudar aquele que ele tanto ama.E então, o paciente propriamente dito vem à sessão.
E a terapia se inicia. Após alguns encontros, ele começa a aprender a lidar com suas emoções, a expressar seus desejos, a exercer seu direito à individualidade, enfim, a "funcionar" mais adequadamente e então as crises profundas que o fizeram chegar ao consultório vão se amenizando e dando lugar a um comportamento diferente: mais autêntico, mais independente, mais refletido, mais coerente com suas próprias verdades; ele começa a desabrochar em sua individualidade, a desbloquear a energia antes geradora dos sintomas que o estavam afligindo.
É aí que, muitas vezes, toda aquela solidariedade do familiar simplesmente desaparece e ele passa a conspirar para que o paciente abdique do seu direito de ser ele mesmo, interferindo no andamento do tratamento: dificultando-lhe a saída no horário das sessões, criando obstáculos financeiros, tentando desvalorizar o trabalho do terapeuta e - o pior - fazendo com que o paciente se sinta culpado por todo esse transtorno. Isto, algumas vezes (felizmente, só algumas), acarreta na interrupção do tratamento e conseqüentemente na recaída dos sintomas, uma vez que não houve tempo suficiente para que as metas da terapia fossem atingidas.
Então, a pergunta é: isto é feito de maneira consciente pelo familiar? Ou será uma defesa inconsciente contra a mudança de comportamento, dentro de um esquema em que tudo ia bem para os outros membros? É difícil dizer até que ponto as pessoas têm consciência do seu próprio papel em relação ao "outro". Mas o que é preciso ficar claro é que o paciente propriamente dito - ou seja, o que vem as sessões - é apenas o depositário de problemas que não são só seus, mas de um contexto familiar.E que, se a família tem interesse no seu bem estar tem que estar consciente também de sua própria responsabilidade no problema.
Colaborar não significa apenas "empurrá-lo" para a psicoterapia e "puxá-lo" de volta quando julgar que suas mudanças no comportamento deixam de ser convenientes dentro de um esquema pré-estabelecido. Colaborar é aceitar e participar das mudanças que se fazem em conseqüência do desenvolvimento do paciente, do seu despertar.
Mudanças estas que às vezes incomodam os outros, mas que devem ser trabalhadas por todos, uma vez que são necessárias à recuperação do equilíbrio interno do paciente, sem o qual não se faz um relacionamento adequado com o mundo externo, social e familiar.
Helenita Scherma
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quinta-feira, 10 de julho de 2014
A FAMÍLIA
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